L'ennemi

Voilà que j'ai touché l'automne des idées
Baudelaire

mardi 26 juillet 2011

Acalanto - Para C. G.

Seu Chico,
o senhor me desculpe
não sei cantarolar nem tocar
tampouco, Seu Chico,
compor canções de ninar.

Eu só gostaria,
Seu Chico,
de poder amamentar.

Seu Chico,
o senhor me perdoe
não posso parar nem continuar
tampouco, Seu Chico,
compor auroras de serenar.

Eu só gostaria,
Seu Chico,
de poder acalentar.

mercredi 6 juillet 2011

Memórias de uma guria viajnte VI: Infertilidade

-- Obrigada, Dra. Mas o que faço com este amor que trago aqui? -, perguntei batendo no peito - O que faço com a dor que turva meus olhos? O que faço, Dra... - os soluços e as lágrimas interrompiam meu desabafo, então respirei fundo e continuei: -- O que faço, agora, com esta tristeza que consome minha vida, que neutraliza minha felicidade?

No caminho de volta para casa, meus pensamentos voltaram no tempo. Eu era incapaz de evitar que as lágrimas caíssem de meus olhos. Lembrei-me do que as pessoas comumente diziam: "Deus sabe o que faz", "Um dia sua hora vai chegar", "Não fique triste. Tudo pode ser resolvido".  Essas lembranças trouxeram aos meus lábios um sorriso amargo. Não deixei de acreditar em Deus, sabe, mas não consigo compreender seus critérios e suas preferências. Será, meu Deus, que não sou digna de ser mãe?

Um dia, um aluno me perguntou: "Por que você escolheu ser professora?". Eu respondi dizendo que não havia escolhido a profissão, que ser professora é a única profissão para qual tenho vocação. Depois de um tempo tentando engravidar, percebi que ser docente é ter muitos filhos para amar. Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas... Continuo tentando rezar para que um dia as linhas se endireitem ou para que, ao menos, minha visão melhore.