L'ennemi

Voilà que j'ai touché l'automne des idées
Baudelaire

dimanche 28 février 2010

A Fênix Ressurgida

        Escrever é, se um amigo me permite usar suas palavras, "sublimar as angúntias e desviar de um futuro patológico qualquer"... E quando nem escrever consegue sublimar minhas angústias? Quando nem o silêncio me consome?
        A morte era para os românticos uma evasão. Não só para os românticos, mas para aqueles que decidem chegar ao fim... Ao fim da vida, ao fim da própria morte, dependendo de quem vive. Fico aqui especulando se, realmente, exista um fim. As pessoas têm tanto medo de chegar que não acreditam na chegada; têm tanto medo de morrer que não acreditam na vida; têm tanto medo de amar que não acreditam na eternidade.
        Assassinaram minhas palavras. Mataram-me dentro de si e morreram dentro de mim. Agora, sigo num luto de uma morte metafórica... Quando ninguém morre de verdade, apenas deixa de existir para alguém. A morte deveria ser natural, deveria acontecer no esgotamento do tempo de vida do desejo de ficar juntos; no esgotamento do tempo de vida do desejo de compartilhar músicas; no esgotamento do tempo de vida do desejo de, simplesmente, residir no coração do outro.
        Será que posso matar minha dor para resnascer das cinzas?

vendredi 26 février 2010

Culpa e Liberdade: Resposta à Fricção Fictícia

        O termo culpa sempre remete à psicologia freudiana. É o sentimento de culpa que molda e delimita a sociedade. A sensação de desamparo por não se sentir culpado é comum e, de certa forma, coercitiva. Contudo, o conformismo causado pela normose da sociedade contemporânea tem como consequência o esgotamento da culpa em si mesma...
      Logo, entra em discussão outro termo: LIBERDADE. Seguindo, ainda, o pensamento freudiano, o esgotamento da culpa pode causar danos irreversíveis à concepção de liberdade... Ser liberto é ter a consciência de si mesmo, de seus desejos, de seus atos, de seus amores e de seus rancores, além de ter a consciência dos limites e das capacidades do outro.
        Assim, se o sentimento de culpa torna-se autodestrutivo, sua liberdade também é destruída. E, se a falta dele não prejudica a outrem, dane-se o que diz Freud... Deixa a carne se pronunciar, arder e consumir, ainda que seja em si mesma.