L'ennemi

Voilà que j'ai touché l'automne des idées
Baudelaire

dimanche 28 février 2010

A Fênix Ressurgida

        Escrever é, se um amigo me permite usar suas palavras, "sublimar as angúntias e desviar de um futuro patológico qualquer"... E quando nem escrever consegue sublimar minhas angústias? Quando nem o silêncio me consome?
        A morte era para os românticos uma evasão. Não só para os românticos, mas para aqueles que decidem chegar ao fim... Ao fim da vida, ao fim da própria morte, dependendo de quem vive. Fico aqui especulando se, realmente, exista um fim. As pessoas têm tanto medo de chegar que não acreditam na chegada; têm tanto medo de morrer que não acreditam na vida; têm tanto medo de amar que não acreditam na eternidade.
        Assassinaram minhas palavras. Mataram-me dentro de si e morreram dentro de mim. Agora, sigo num luto de uma morte metafórica... Quando ninguém morre de verdade, apenas deixa de existir para alguém. A morte deveria ser natural, deveria acontecer no esgotamento do tempo de vida do desejo de ficar juntos; no esgotamento do tempo de vida do desejo de compartilhar músicas; no esgotamento do tempo de vida do desejo de, simplesmente, residir no coração do outro.
        Será que posso matar minha dor para resnascer das cinzas?

4 commentaires:

  1. Sempre achei que renascer das cinzas fosse algo um pouco sujo - cinzas nos olhos e nariz, sem contar que (re)nascemos nús. Por que não renascer de um rio ou lago tranquilo e bucólico? Por que esse trauma sempre que (re)nascemos? Afinal, a dor passou (ou passará), então que fique ela nas cinzas. quanto a você, só resta o renascimento sóbrio e purificado em águas brandas.

    Grande beijo!

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  2. Sempre enxergo o ponto mais positivo dos fatos... Inclusive das minhas dores.

    As cinzas têm função semântica de provas materiais da purificação, que será conseguida através da dor consumida pelo fogo.
    Hoje, tenho brasas em minha alma... Amanhã, o fogo terá consumido tudo e, com ele, a dor se extinguirá. De repente, não sobriamente nem tão tranquilamente.
    Contudo, o essencial é que após a transformação de minha existência, poderei banhar-me em águas calmas...

    Beijos!

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  3. Morremos um pouco a cada dia minha cara. Vivamos então como bons mortos vivos: alimentemo-nos não do cérebro, mas do intelecto de quem nos tem coisas boas a nos ensinar e tentemos aceitar que o bom da vida é se viver. Somente. Sejamos pois, singelos...

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  4. Obrigada. É um bom conselho... Vou tentar colocá-lo em prática.
    Que bom vê-lo por aqui... É uma honra para meu blog!

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