Tantas coisas aconteceram ao longo dos anos. Coisas que nem sempre pude evitar, nem sempre pude determinar o caminho que as pessoas ao meu redor seguiriam ou, ao menos, o caminho que eu mesma iria tomar. Se eu dissesse que não sei como cheguei até aqui, seria mentira. Lembro-me bem de todas as escolhas que fiz. Todas foram tomadas conscientemente. Entretanto, isso não impede que eu tenha cometido equívocos. Não sei ao certo onde cometi o erro mais grave, se precisava chegar até onde estou hoje para começar a enxergar. Não sei ao certo qual a parcela de culpa de cada um nessa história. E acho, sinceramente, que a culpa não cabe mais em lugar algum.
Fico pensando se esse era o propósito de Deus realmente. Será que Deus realmente tem a ver com tudo isso? Será que eu deveria ter acreditado no amor? Conheci pessoas incríveis, vi lugares belíssimos, aprendi grandes lições... Aprendi que é possível aprender a amar, que é possível desenvolver a paciência, a caridade, o perdão, que é possível questionar a fé e não a perder, que é possível duvidar de tudo o que já se foi, de tudo que virá, de mim mesma.
O tempo passa e com ele os sonhos começam a se tornar mais importantes que qualquer vestígio de remorso, de receio, de perspectiva. O tempo passa e com ele a realização dos sonhos começa a não fazer sentido algum sem amor. Sinto-me presa nos versos cíclicos de um poema triste e inacabado. Sou um eu-lírico tristonho e, às vezes, conformado. Sou uma ferida diabética que, às vezes, cicatriza.
Tantas coisas aconteceram ao longo dos anos. Sinto um desamor tão grande. A vida tornou-se insípida e dilacerada. Faltam pedaços vitais meus. Não me falta o amor de todo... Falta-me amar de todo coração. Lembro-me do amor que tive (e isso me lembra de Vinícius). Lembro-me de perdê-lo, de vê-lo agonizar desesperadamente, como alguém que morre de cólera, contudo, lentamente. O que posso eu, pergunto a você, contra a morte? Ela que cotidianamente me persegue, ela que voluntariamente me observa e pacientemente me espera perecer, na certeza de que, mais dia menos dia, a esperança encalcada que trago na alma se esvaia por entre seus dedos grandes e finos, de ossos expostos.
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