L'ennemi

Voilà que j'ai touché l'automne des idées
Baudelaire

dimanche 29 mai 2011

Redoma de Vidro

          Depois de algum tempo, abri a porta e entrei na sala. O lugar estava vazio, exceto pela minha presença. Escolhi o melhor ângulo. Sentei. Olhei para frente e lá pude vê-lo. Eu o olhava com admiração enquanto ele conduzia a conversa. A paixão com que falava me apaixonava também. Meus olhos estavam fixos nele. Seus olhos sorriam para mim.
          Alguém abriu a porta. Um simples gesto e a lembrança se desfez. Era um sinal? Ninguém entrou, ainda estava sozinha, exceto pelo amor que trazia em meu peito. Agora, tenho a tarefa de prosseguir com a conversa iniciada do lado de lá do Atlântico. No poema, Amor e Liberdade.
          Depois de algumas descobertas, tirei a máscara e me olhei no espelho. O lugar estava vazio, exceto pela presença dele. Não havia nenhum reflexo, não havia nenhum brilho, não havia nenhuma voz. Não havia sequer um fim. Havia um único corpo: casca inútil, casco oco. Um único corpo!
          Ninguém entrou, ainda estava sozinha, exceto pela dor que trazia em meu peito. Agora, a tarefa de prosseguir com a vida iniciada do lado de lá da Cidade de Vidro. No poema, Solidão e Fraternidade... Era um sinal?

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire