L'ennemi

Voilà que j'ai touché l'automne des idées
Baudelaire

vendredi 3 juin 2011

Memórias de uma guria viajante V: Angústia de quem vive

Era humanamente desumano. E Ele parecia zombar de cada gota da angústia que, dolorosamente, inundava o copo daquela famíla. Não se podia dizer que era bem uma tempestade... Nem que era simplesmente uma longa estiagem. Até o dia estava ensolarado. Entretanto, alguns a chamavam Morte. Talvez o fim combine mais com a noite para que o dia traga alguma esperança, ou qualquer outro motivo para continuar vivendo, um desses motivos que encontramos para não morrer diariamente e aos poucos. Quem sabe, fosse apenas uma ironia do Destino?  Mas a sátira continuava...
Eu via o verde céu. Estranho foi vê-lo arroxear-se com as horas infindáveis de um dia que teve quarenta e oito horas e duas noites interpostas. J. C. parecia distante no meio dos outros e intimamente próximo ao meu lado. Dessa vez, meus olhos não o procuravam. Meus medos e orações seguiam na direção dela. Tão firme, tão forte, tão prestativa... Ofereceu seus ombros a todos e esqueceu-se de sua própria dor. Não, guardou-a para si para chorar a perda no silêncio e no calor de seu quarto, para lamentar a morte sufocando os próprios gritos de desespero. Ela havia encarado a Morte mais uma vez e sobrevivido a ela novamente. A Morte era negra, mas não como a noite que possui estrelas, mas como o fim que não possui voltas. Comercializava almas como um ladrão. O funeral foi longo. O enterro foi emocionante. A dor será eterna. O homem não pode ser substituído. E não seria.

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