Minha poesia é caixa de vidro:
Guarda o deserto arenoso,
O lagarto metamórfico.
Ora vidro fumê,
Ora chumbo grosso;
Se me concentro,
verde-musgo.
Minha poesia é cidade sitiada:
Isola a doença contagiosa,
A violência pandêmica.
Ora beco sem saída,
Ora estreita avenida;
Se me asfalto,
cinza-morte.
Minha poesia é copo com água:
Afoga a sede desgraçada,
O calor insípido.
Ora meio cheio,
Ora meio vazio;
Se me completo,
marrom-lama.
Minha poesia nem é rasa!
De tão rala,
Não me rasga,
Não me fere.
Adoeço e não tenho febre.
Mata e sufoca e não envenena.
Corro, morro, mas não me sustenta.
Sua poesia é suavemente visceral, que ora se revela e ora se esconde. Gostei dessa estocada lírica, desse eu poético que se mostra, nos pega pela mão e nos deixa em meio a um delírio sensorial. Bom, guria, seus versos decantam beleza madura e liberdade conquistada.
RépondreSupprimerLinda simplesmente linda...
RépondreSupprimer